Este blog está relacionado aos diversos projetos centrados na diversidade e pluralidade étnico-racial que desenvolvemos, sempre de forma coletiva e colaborativa, nas instituições educacionais e educativas onde atuamos como EDUCADOR, seja como professor, coordenador de núcleo educacional, assistente de diretor de escola ou diretor de escola.

Pois, consideramos de extrema importância, desde o início e durante todo o processo educacional, a proposição acerca da questão da IDENTIDADE, pois penso que o país e a sociedade, como um todo, só tem a ganhar com pessoas conscientes e bem resolvidas nesse contexto.

Acredito que esta FERRAMENTA, com os seus conteúdos e informações (textos, imagens, atividades entre outros), nos possibilitará acessar informações relativas ao que há de africano no Brasil, assim como referente ao continente africano, tão vasto e múltiplo, que pouco conhecemos aqui no Brasil.

Nos possibilitará também, valorizarmos a diversidade étnico-cultural, étnico-racial, a partir do debate, reflexão e estímulo a valores e comportamentos éticos como o amor, a amizade, o respeito, a solidariedade e a justiça, de forma que a todo o momento possamos nos posicionar contra qualquer forma de intolerância, e especificamente nos colocando contra todo o tipo de discriminação racial e a favor de práticas antirracistas.

31 julho 2010

OSSAIM, O MALABARISTA DAS FOLHAS

Certo dia, Ifá, o senhor das adivinhações veio ao mundo e foi morar em um campo muito verde. Ele pretendia limpar o terreno e, para isso, adquiriu um escravo. O que Ifá não esperava era que o servo se recusasse a arrancar as ervas, por saber o poder de cura de cada uma delas. Muito impressionado com o conhecimento do escravo, Ifá leu nos búzios que o criado era, na verdade, Ossaim, a divindade das plantas medicinais. Ifá e Ossaim passaram a trabalhar juntos. Ossaim ensinava a Ifá como preparar banhos de folhas e remédios para curar doenças e trazer sorte, sucesso e felicidade.
Os outros orixás ficaram muito enciumados com os poderes da dupla e almejaram, no seu íntimo, possuir as folhas da magia. Um plano maquiavélico foi pensado: Iansã, a divindade dos ventos, agitou a saia, provocando um tremendo vendaval. Ossaim, por sua vez, perdeu o equilíbrio e deixou cair a cabaça onde guardava suas ervas mágicas. O vento espalhou a coleção de folhas.
Oxalá, o pai de todos os orixás, agarrou as folhas brancas como algodão. Já Ogum, o deus da guerra, pegou no ar uma folha em forma de espada. Xangô e Iansã se apoderaram das vermelhas: a folha-de-fogo e a dormideira-vermelha. Oxum preferiu as folhas perfumadas e Iemanjá escolheu o olho de santa-luzia. Mas Ossaim conseguiu pegar o igbó, a planta que guarda o segredo de todas as outras e de suas misturas curativas. Portanto, o mistério e o poder das plantas continuam preservados para sempre.

Fonte: (Sítio Eletrônico)Mojubá - http://www.acordacultura.org.br/main.asp?View={716826A6-8DAC-4709-BCC5-FCB2E7C500CE}

18 julho 2010

ORIXÁS: O SOPRO SAGRADO DE OLORUM

Quando Olorum, o senhor do infinito, fez o universo com o seu hálito sagrado, criou junto um punhado de seres imateriais com a finalidade de povoá-lo. Estes seres, os orixás, foram dotados de poderes fantásticos, como o domínio sobre o fogo, a água, a terra, o ar, os animais e as plantas e também o masculino e o feminino.
No princípio, eram muitas as divindades africanas, tantas que a comparamos às cores da exuberante África. Ainda hoje, os adeptos das religiões afro-brasileiras continuam adorando um pequeno grupo destas divindades, que representam todos os elementos essenciais à natureza e à vida humana.
Os povos africanos produziram uma infinidade de mitos sobre a criação do mundo e as forças espirituais. Isso porque a necessidade de explicar o mundo em que vivemos é praticamente tão antiga quanto a própria humanidade.

Fonte: (Sítio Eletrônico)Mojubá - http://www.acordacultura.org.br/main.asp?View={716826A6-8DAC-4709-BCC5-FCB2E7C500CE}

16 julho 2010

ORIXÁS: A PONTE ENTRE O ORUM E O AYIÊ

Todas as religiões do mundo tentam explicar os grandes mistérios da humanidade: De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?
Reza uma história africana, originária de Ketu, que no início de tudo havia o Orum, o espaço infinito, e lá vivia o deus supremo Olorum. Certo dia, Olorum criou uma imensa massa de água, de onde nasceu o primeiro orixá: Oxalá, o único capaz de dar vida. Olorum mandou Oxalá partir e criar o aiyê, o mundo. Só que Oxalá não fez as oferendas necessárias para a viagem e enfrentou sérios problemas no caminho.
Quem acabou criando o mundo foi Odudua, sua porção feminina. Para consolar Oxalá, o deus supremo lhe deu outra missão: a de inventar os seres que habitariam o aiyê. Assim Oxalá usou a água branca e a lama marrom para criar peixes azuis, árvores verdes e homens de todas as cores. Foram justamente os homens que, mais tarde, imaginaram formas de adorar e representar a saga de deuses como Oxalá, Odudua, Olorum e tantos outros.

Fonte: Mojubá - http://www.acordacultura.org.br/main.asp?View={716826A6-8DAC-4709-BCC5-FCB2E7C500CE}(Sítio Eletrônico)

19 junho 2010

SAIBA MAIS SOBRE O ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL

Criado para estabelecer diretrizes e garantir direitos para a população negra, o Estatuto da Igualdade Racial teve votação realizada no Senado nesta quarta-feira (16/06/2010) e segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O texto foi aprovado em 9 de setembro do ano passado na Câmara dos Deputados e desde então estava parado no Senado. O projeto tramitou no Congresso por mais de dez anos.

O que muda de imediato

- Determina que o poder público passe a tratar de programas e medidas específicas para a redução da desigualdade racial.
- Agentes financeiros devem promover ações para viabilizar o acesso da população negra aos financiamentos habitacionais.
- Cria o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) para tratar das medidas voltadas a população negra.
- Ressalta o direito da crença e cultos de matriz africana.
- Passa a considerar a capoeira como desporto.

O que precisa ser regulamentado por lei ou decreto

- Executivo deve implementar critérios para provimento de cargos em comissão e funções de confiança destinados a negros.
- Condições de financiamento agrícola, como linhas de crédito específicas, para a população negra.
- Ações para promover a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho. Governo deve estimular iniciativa privada a adotar medidas.
- Criação de ouvidorias para receber reclamações de discriminação e preconceito.
- Criação de normas para preservação da capoeira.
O que ficou de fora

- Implementação de planos e execução de políticas de saúde que contemplem ações como redução da mortalidade materna entre negras.
- Todos os tipos de cotas: para escolas, para trabalho, em publicidade e em partidos políticos. Projeto que cria cotas em escolas tramita em separado no Senado.

Fonte: www.g1.com/vestibular-e-educacao

17 maio 2010

13 DE MAIO, 122 ANOS DEPOIS: DESPREZO E INJUSTIÇA

Passados 122 anos, todos os indicadores sociais apontam que a Abolição não foi capaz de garantir condições de vida dignas à população negra. Substituídos pela força de trabalho européia, não puderam nem mesmo compor a classe trabalhadora assalariada da época, restando como opção a informalidade.

O Instituto de Políticas Econômicas Aplicadas (IPEA) calcula que, caso sejam mantidas as políticas de ações afirmativas vigentes, os negros só atingirão a renda média dos brancos no ano de 2040. Hoje, a diferença salarial é de 53%. Na educação, a diferença é maior ainda. Apenas 5% da população negra têm formação superior. Entre os brancos, 18% já passaram pela universidade.

Essas diferenças sociais marcadas pela cor da pele são resultado de uma política que buscava o embranquecimento da população, logo que foi abolida a escravidão.
Essa é uma das conclusões da professora Márcia das Neves, cuja dissertação de mestrado investigou a influência dos estudos do médico e antropólogo Raimundo Nina Rodrigues na formação cultural da sociedade brasileira.

“Na questão da eugenia, que busca o melhoramento da raça, o Nina Rodrigues tinha essa preocupação de saber quem seria a população que dominaria o Brasil. Os negros estavam aumentando em quantidade, estavam se misturando sem certo controle, o que fazia aumentar a quantidade de mestiços. Quanto mais misturado, mais problemas ele previa nesse indivíduo final.”

O pensamento eugenista defendia a ideia da existência de raças humanas e pregava a supremacia dos arianos sobre os demais grupos étnicos. A professora revela que essa ideia foi assimilada pela população, que passou a ignorar e até mesmo negar a violência das relações raciais no Brasil.

“É até difícil colocar esse debate, mesmo em sala de aula. Eu sou professora, dou aula na periferia e tenho dificuldades de falar desse tema. Apesar de a maioria dos alunos serem negros ou mestiços, eles não aceitam essa discussão e têm a visão de que quem coloca esse tema em discussão é racista. Acreditam que é melhor fazer de conta que ele não existe, que não tem racismo e todo mundo é igual.”

A resistência do quilombo dos Palmares, a intransigência de Canudos e as revoltas dos Malês e da Chibata são celebradas pelo movimento negro como símbolo da luta por liberdade e igualdade. No século 20, diversas organizações surgiram a partir de tensões sociais provocadas pelo racismo e pela repressão dirigida aos negros.

É o caso do Movimento Negro Unificado (MNU), criado em 1978 como resposta à discriminação racial sofrida por quatro jovens atletas da equipe de voleibol do Clube de Regatas Tietê. Na época, eles eram proibidos de entrar na piscina do clube.
Milton Barbosa, fundador e integrante da coordenação nacional do MNU, revela que outro acontecimento, muito comum em nossos dias, também foi determinante para a organização da juventude negra.

“Um outro fato foi a prisão,tortura e morte de Robson vieira da Luz, trabalhador e pai de família, acusado de furto na feira. Ele foi preso e torturado no 44º Distrito Policial de Guaianazes. Foram basicamente esses dois motivos imediatos que fizeram com que a juventude negra da época criasse o Movimento Negro Unificado.”

Mais de 30 anos após a morte do feirante, a tragédia continua se repetindo. No mês em que se comemora a dia da Abolição da escravidão no Brasil, o movimento negro cobra das autoridades o fim daquilo que chamam de genocídio negro.Os meios de comunicação estão mostrando freqüentemente exemplos dessa violência. Eduardo Luís Pinheiro dos Santos foi encontrado morto no último dia 10 de Abril, após ser torturado. Alexandre Santos foi espancado até a morte na porta de casa, diante da mãe. Ambos foram vítimas da Policia Militar do Estado de São Paulo. Ambos eram negros.

O professor de História e integrante da Uneafro Brasil (União de Núcleos de Educação Popular para Negras(os) e Classe Trabalhadora) Douglas Belchior, explica que a repressão policial foi germinada no período da escravidão.
“A primeira Polícia no Brasil eram os capangas que corriam atrás dos escravos fujões. A Polícia tem no seu nascimento uma função objetiva e clara de coagir a população negra. Não tem jeito, isso infelizmente se repete e se ampliou, com fim da escravidão, para todos os pobres.”

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) prevê para um período de sete anos o assassinato de mais de 33 mil adolescentes no Brasil. Em algumas cidades do país, a probabilidade de um jovem negro ser morto é 40 vezes maior que um branco. Diante dos números, Belchior não vê motivos para se festejar o Dia da Abolição. “Os dados da realidade, já há alguns anos, não permitem que o movimento negro celebre o dia 13 de maio como um dia lembranças festivas. O mais escandaloso motivo para não festejar é justamente a implementação de uma verdadeira política de extermínio da juventude negra, em vigor nas grandes cidades brasileiras.”


Jorge Américo

Fonte: http://www.radioagencianp.com.br/node/8621

16 maio 2010

Na África do Sul não faltam expressões para gritar gol

África do Sul tem 11 idiomas oficiais. Conheça como a palavra mais procurada pelos artilheiros pode ser dita pela população

Apelido popularizado por Nelson Madela após o fim do apartheid, a Nação Arco-Íris da África do Sul também poderia ser chamada de Torre de Babel. São 11 idiomas oficiais no país. Assim, “gol”, a palavra mais procurada pelos artilheiros na Copa do Mundo, terá diversas formas de ser dita (e gritada).
Uma das mais famosas é “Laduma”, que significa “trovejar” em Zulu (a língua mais falada pelos sul-africanos, com 23,8% da população) e é usada por narradores após a bola balançar a rede. Mas não para por aí: na televisão, o Mundial vai ser transmitido em quatro idiomas (Inglês, Africâner, Zulu e até Português - por causa da forte presença de imigrantes portugueses, angolanos e moçambicanos).
Os 11 idiomas são: Zulu (23,8% da população), Xhosa (17,6%), Africâner (13,3%), Pedi (9,3%), Tswana (8,2%), Inglês (8,1%), Sotho (7,9%), Tsonga (4,4%), Swati (2,6%), Venda (2,2%) e Ndebele (1,6%). Apesar de não ser a língua original da maioria, o inglês é falado por grande parte das pessoas nos principais centros urbanos, como as sedes do Mundial (Joanesburgo, Cidade do Cabo, Pretória, Rustemburgo, Polokwane, Nelspruit, Durban, Porto Elizabeth e Bloemfontein).
Confira como se diz gol/golaço na África do Sul
(com a pronúncia entre parênteses)

Inglês: Goal (“gol”)
Africâner: Doel (“dool”)
Ndebele: Ligondelo (“Lee-gan-ndeh-law”)
Pedi: Ken no yê maka tsago (“n-noo yeh mah-kah-chah-ggo”)
Sotho: A ntlha ê ntlê (“ah ntlhah eh ntleh”)
Swati: Ewu ligoli lelinje (“eh-woo Lee-gaw-lee leh-lee-njeh”)
Tsonga: A hi kusaseka kA ku howa (“ah hee koo-sah-seh-kah kah koo haw-wah”)
Tswana: Sêo ke nnô (“seh-oo kee n-naw”)
Venda: Tshikoro (“che-kaw-raw”)
Xhosa: Yona yodwa i goal (“yaw-nah yaw-dwah ee gol”)
Zulu: Laduma / Kwaba igoli enhele ngempela (“lah-doo-mah” ou “kwah-bah ee-gaw-lee eh-nhleh-mpeh-lah”)

Fonte: Globoesporte.com, Por Thiago Dias e Zé Gonzalez

12 abril 2010

O "LABORATÓRIO RACIAL" BRASILEIRO


Foi só no século 19 que os teóricos do darwinismo racial fizeram dos atributos externos e fenotípicos elementos essenciais, definidores de moralidades e do devir dos povos.Vinculados e legitimados pela biologia, a grande ciência desse século, os modelos darwinistas sociais constituíram-se em instrumentos eficazes para julgar povos e culturas, a partir de critérios deterministas, e, mais uma vez, o Brasil surgia representado como um grande exemplo; dessa feita, um "laboratório racial".
Apenas dessa maneira se explica, por exemplo, que já em 1844 o recém-criado Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro tenha realizado seu primeiro concurso, apresentando como mote o seguinte desafio: "Como Escrever a História do Brasil". Mais interessante do que a proposta em si (indicativa de como naquele momento se "inventava uma história local", que deveria ser diferente daquela da metrópole portuguesa) foi o resultado. O vencedor foi o naturalista estrangeiro Von Martius, defensor da tese de que a trajetória brasileira seria construída através da mistura de suas três raças: "Devia ser um ponto capital para o historiador reflexivo mostrar como no desenvolvimento sucessivo do Brasil se acham estabelecidas as condições para o aperfeiçoamento das três raças humanas que nesse país são colocadas uma ao lado da outra, de uma maneira desconhecida na história antiga e que devem servir mutuamente de meio e fim".
Utilizando-se da metáfora de um poderoso rio purificador, correspondente à herança portuguesa, que deveria "absorver os pequenos confluentes das raças Índia e Ethiopica", o Brasil surgia representado pela particularidade de sua miscigenação. O país seria, portanto, o resultado futuro e promissor da convergência de três afluentes diferentes, que faziam as vezes das raças - a branca, a negra e a vermelha -, e sua singularidade ficava vinculada à conformação específica de sua população.
Não foi acidental, aliás, o fato de a monarquia brasileira, recém-instalada, ter investido numa simbologia tropical, que misturava elementos das tradicionais monarquias européias com indígenas, poucos negros e muitas frutas coloridas. Tornava-se nesse momento complicado destacar a presença africana, uma vez que ela lembrava a escravidão; mas nem por isso a realeza abriu mão de pintar um país que se caracterizava por sua coloração racial distinta.
Não obstante, se logo após a independência política de 1822 as elites intelectuais locais, adeptas da voga do romantismo, selecionaram no indígena (mitificado e afastado da própria realidade) um modelo de nacionalidade, já em finais do século 19 os negros e mestiços, até então ausentes da representação oficial, acabaram sendo apontados como índices definidores da degeneração, ou como os responsáveis pela falta de futuro deste país. Autores como Nina Rodrigues, da Escola de Medicina da Bahia; Sílvio Romero, da Escola de Recife; e João Batista Lacerda, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, entre tantos outros, destacaram "as mazelas da miscigenação racial" e, informados por teorias estrangeiras, condenaram a "realidade mestiça local".
A interpretação realista da geração dos anos 1870 se contrapôs, dessa maneira, à feição positiva cuidadosamente imaginada pela elite imperial. Surgindo na contramão do projeto romântico, os autores de final do século inverterão os termos da equação ao destacar os "perigos da miscigenação" e a impossibilidade da cidadania. Já em maio de 1888, um artigo polêmico, assinado por Nina Rodrigues, aparecia em alguns jornais brasileiros. Nele, o médico ajuizava: "os homens não nascem iguais. Supõe-se uma igualdade jurídica entre as raças, sem a qual não existiria o Direito". Desdenhando do discurso da lei, logo após a abolição formal da escravidão, esse "homem de sciencia" passava a desconhecer a igualdade e o próprio livre-arbítrio, em nome de um determinismo científico e racial.
A adoção desses modelos não era, como se pode imaginar, tão imediata, mesmo porque implicava concordar que uma nação de raças mistas, como a nossa, era viável e estava fadada ao fracasso. No entanto, se internamente a interpretação gerava posições paradoxais, parecia não existir dúvidas com relação à visão que vem de fora: o Brasil havia muito tempo era entendido como um "laboratório racial", um lugar onde a mistura de raças era mais interessante de observar do que a própria natureza.
Agassiz, por exemplo, viajante suíço que esteve no Brasil em 1865, fechava seu relato da seguinte maneira: "que qualquer um que duvide dos males da mistura de raças, e inclua por mal-entendida filantropia a botar abaixo todas as barreiras que a separam, venha ao Brasil. Não poderá negar a deterioração decorrente da amálgama das raças, mais geral aqui do que em qualquer outro país do mundo, e que vai apagando rapidamente as melhores qualidades do branco, do negro e do índio, deixando um tipo indefinido, híbrido, deficiente em energia e mental". Gobineau, que permaneceu na corte do Rio de Janeiro durante quinze meses, como enviado francês, queixava-se: "Trata-se de uma população totalmente mulata, viciada no sangue e no espírito e assustadoramente feia".
Não se trata aqui de acumular exemplos, mas apenas de demonstrar como, nesse contexto, a mestiçagem existente no Brasil era não só descrita mas também adjetivada por esses pesquisadores estrangeiros, constituindo uma pista para explicar o atraso, ou possível inviabilidade, da nação. Mas mais interessante do que ficar repassando o discurso produzido alhures é enfrentar o debate local. Aqui no país, ao lado de um discurso de cunho liberal, tomava força, em finais do século 19, um modelo racial de análise, respaldado por uma percepção bastante consensual de que este era, de fato, um país miscigenado.

21 março 2010

Rosa Parks

Amigos,

Acredito que todos nós deveríamos parar por um momento para relembrar o simples, significativo e audacioso ato de coragem e dignidade de Rosa Parks, quando ela se recusou a ir para a parte de trás de um ônibus porque a lei dizia que ela tinha a cor de pele errada. Os maiores momentos na história, aqueles que realmente importaram e nos levaram para um lugar melhor, são ancorados por estes atos singulares de pessoas comuns, que não puderam mais tolerar as bobagens e atitudes sem sentido daqueles que estão no comando.
Hoje, seja por um estudante que se manifesta contra os recrutas do exército no colégio ou pela mãe de um soldado morto que se recusa a deixar o portão da frente do rancho do presidente, nós continuamos a ser salvos pela brava gente que se expõe ao ridículo e à rejeição, mas que conseguem atrair a atenção da opinião pública na direção do que é correto. Temos enormes débitos de gratidão com essas pessoas. Não é fácil se mobilizar para o que é certo, especialmente quando todos estão com medo de deixar o confortável caminho do conformismo.
Rosa Parks talvez estivesse sozinha no ônibus no momento da sua prisão, mas ela não ficou sozinha por muito tempo. A velha ordem foi abalada, o mundo se abriu e, como pessoas, nos foi dada a chance de um pouco de redenção.
Talvez, o melhor jeito de celebrar o mais importante dia da história americana seja perguntar para você mesmo como pode fazer a diferença hoje. Que risco você pode correr com isso? O que está esperando para dizer aos seus companheiros de trabalho ou colegas de classe o que tinha medo de dizer, mas que no fundo do seu coração você sabe que precisa ser dito? Por que esperar outro dia para dizer?
(...)
Cinqüenta anos depois, o ônibus em que agora nos encontramos poderia ter um pouco mais de gente corajosa e disposta a dizer “Basta! Já chega. Eu não vou aturar mais."

Cordialmente,

Michael Moore

Fonte: MOORE, Michael. Rosa Parks: cinqüenta anos, hoje. Consciência.net, 02 Dezembro 2005. Disponível em: Acesso em: 28 Janeiro 2006.

16 março 2010

UNIVERSIDADE E POVO


"Que la Universidad se pinte de negro, de mulato, de obrero, de campesino... Que se pinte de pueblo... " (Che Guevara )



Fonte: Sítio Procampo www.pa.gov.br/portal/procampo
             Sítio UFF www.uff.br/nepae/siteantigo/bnn042702.htm

15 março 2010

AÇÃO AFIRMATIVA (2)

Continuação da entrevista exclusiva à Agência Carta Maior com o professor Hélio Santos:
As mulheres, os deficientes e até mesmo os gordos, os “feios”, aqueles que fogem de um padrão de estética imposto pela mídia também sofrem preconceito no mercado de trabalho. Por que, então, os negros deveriam ter privilégio sobre os outros excluídos?
Usar a expressão excluídos para os outros, no Brasil, pelo menos, me soa um pouco forte. Eu não tenho a menor dúvida de que temos necessidade de políticas específicas para a mulher no Brasil, apesar dos avanços. Mas se a gente for hierarquizar aqueles que têm dificuldade, há um estudo que coloca a renda média nesta ordem decrescente: homem branco, mulher branca, homem negro e, por último, mulher negra. Eu gostaria que a mulher branca não sofresse esse prejuízo em relação ao homem branco, mas eu estou hierarquizando as dificuldades. Ela não está tendo, injustamente, um reconhecimento no patamar que ela deveria ter, mas ela não está vetada como os negros. Você pode imaginar, por exemplo, o preço que uma mulher engenheira pagaria por ser negra num país o qual todos os estudos denunciam ser velada e sofisticadamente racista? No Brasil, nascer branco é um passaporte que dá algumas vantagens em relação aos outros. Além disso, já há políticas de cotas para deficientes em concursos, para mulheres em sindicatos e eleições...As primeiras políticas de ação afirmativa no Brasil foram dirigidas a europeus que vinham para cá na condição de imigrantes. Alguns conseguiram terras, em vários pólos de desenvolvimento receberam recursos. E, na minha opinião, receberam com razão. Eram pessoas que chegavam aqui, não dominavam o idioma português, vinham para colonizar o Brasil, ocupar o espaço. O Estado investiu nelas. Foi importante fazer isso com os alemães, com os poloneses. O que acho um escândalo é o mesmo não ter sido feito com os negros quando houve a abolição. E quando se fala, agora, em uma política ainda muito modesta de ressarcimento, a reação da sociedade, especialmente da mídia, é muito ruim.
Em um processo de vestibular ou num concurso público o que exclui, teoricamente, é a capacidade intelectual, que não depende de raça, mas de oportunidades de estudo. Então, por que estabelecer cotas na universidade? O problema não é anterior?
Evidentemente que a esmagadora maioria da população negra é semi-alfabetizada. Se considerar a população negra pobre, em grande medida ela quer comida, calçado, casa. É uma população que não está pensando em vestibular. Mas há uma parcela, estudantes negros que têm dificuldade de entrar na universidade pelo processo que aparentemente é do mérito. Há sempre três argumentos contra as cotas nas universidades: que o que conta é o mérito, que não cabe à universidade resolver os problemas sociais e que o que impede a população negra de chegar á universidade é a baixa qualidade do ensino público. Vamos discutir o que é mérito. Imagine uma moça que mora no bairro dos Jardins e com três anos já estudava inglês, tinha computador, motorista, alimentação, auto-estima, carinho, estudou nas melhores escolas, fazia natação, pólo, bom cursinho...com 17 anos concluiu o colegial e vai tentar o vestibular de Medicina da USP. Agora vamos imaginar uma menina negra, pobre, lá de Guaianazes ou de Bangu, que com oito ou 10 anos já trabalhava para ajudar a mãe, o pai evadiu cedo por causa dessa estrutura social niilista, sua é auto-estima rebaixada, convive com a violência. Essa menina, que nunca teve nada, é uma flor do pântano que com 17 anos conclui o colegial numa escola da periferia. Aí você coloca as duas lado a lado e diz que são candidatas e vamos ver quem tem mais mérito. Não há como condenar a menina dos Jardins, cujos pais fizeram muito bem em investir nela. O absurdo é dizer que uma tem mérito e a outra não tem. O que é mérito na sociedade brasileira? Nas universidades temos sempre a mesma clientela que supomos ter mérito. Eu questiono esse mérito. Quanto ao argumento de que não caibo à universidade resolver os problemas sociais, eu digo que foi a universidade brasileira que produziu esse país que conhecemos, com a maior concentração de renda do planeta. Esta elite que vai para as universidades públicas, que está dirigindo o país no campo político, empresarial, na mídia, produz dois Brasis: um rico, que pode ser confundido com a Bélgica ou com a Holanda, e um Brasil anacrônico. Há um componente de injustiça profundo. Por fim, quanto à baixa qualidade do ensino público, sabemos que a escola pública é muito ruim, enquanto a escola privada é de excelência. Por isso, as políticas de ação afirmativa devem selecionar os melhores daquele segmento a partir de parâmetros mínimos. Os que vêm da escola pública não têm notas altíssimas, mas têm condições de desenvolver o curso, isso que é importante. Ninguém pode entender que política de cotas significa colocar dentro da universidade pessoas sem condições de tocar o curso. Para algumas áreas, Medicina, Ita e outras universidades de ponta, eles terão que participar da seleção e ficar durante um tempo se adaptando para estar em condições de desenvolver o curso. O problema é que essas políticas não foram precedidas de um debate. É razoável todo este tumulto, estamos aprendendo, mas temos que definir e desenvolver um modelo apropriado. Se há distorções, precisam ser corrigidas.
As cotas para estudantes oriundos de escolas públicas não resolvem este problema?
Não, pois há componentes subjetivos. Há estudos que mostram o que se passa na sala de aula. O primeiro estudo, feito pela Fundação Carlos Chagas em meados dos anos 80, mostrou brancos e negros de mesma classe econômica, brancos e negros – era impressionante a quantidade de vezes que os negros repetiam, abandonavam a escola e retornavam e evadiam. Isso está ligado àquela estrutura niilista, de auto-estima rebaixada, de não ter a educação como referência importante na vida, de famílias desestruturadas. Em uma família negra de classe média baixa com cinco filhos, nenhum vai à universidade. Em uma família branca, dois ou três estão na universidade, às vezes todos, até mesmo em universidade privada, noturna. O isso significa? Que há dificuldades verdadeiras. Quem quiser trabalhar com esta temática terá que estar pronto para investir na psicologia social. Esse discurso classista, ideológico que nós tanto gostamos é insuficiente para explicar isso.
As políticas de cotas também são chamadas de políticas de discriminação positiva. O próprio nome já não indica a perpetuação da diferença?
A verdade é que já há discriminação, só que é negativa e ninguém questiona. Eu sou a favor da redução da cota de 100% para brancos que existe na sociedade brasileira. Há cotas para as quais nunca houve leis e ninguém questiona. Um exemplo é a cota de 100% para diplomatas no Itamaraty. São todos brancos. O curso de Medicina da USP é todo amarelo e branco, não há negros. Como é que você quebra essas cotas que foram inventadas pela nossa estrutura social, apartheísta, excludente? É possível tratar todos igualmente? Quando você trata a todos, inclusive os excluídos, igualmente, no fundo você não quer igualdade. Se você quer verdadeiramente a igualdade, tem que tratar as pessoas diferentemente a partir de suas necessidades – aí você vai produzir alguma igualdade. Discriminação Positiva é uma expressão ruim, pois, a rigor, toda discriminação é ruim. Mas se a discriminação é momentânea e tem como intenção terminar com as desigualdades, eu a considero, positiva.
 O sistema de cotas não poderá vir a incentivar a discriminação entre os alunos?
                    Eu assumo a minha culpa nisto por ser um militante do movimento negro. Eu tinha que capacitar o negro a responder o seguinte para os colegas brancos: “eu só entrei na universidade dessa forma porque o seu tetravô escravizou o meu, mas o meu bisneto vai entrar de forma diferente”.Alguém já me perguntou: será que um engenheiro que entrou pela política de cotas é tão engenheiro quanto o outro? Ora, depois que entra na faculdade você tem de passar por cinco anos de curso, tem trabalhos, tem que ter um volume de freqüência tem que tirar notas mínimas...quando você conclui, lá na frente, é um engenheiro sim. Nos EUA, foi feita uma pesquisa com os alunos negros que tinham utilizado políticas de cotas para ingressar em universidades de ponta como Columbia, Harvard, Stanford, NYU, Berkeley... Como era previsível, a pesquisa revelou que a grande maioria dos negros entrou com média inferior a dos brancos. Ao longo do curso, também obtiveram notas em média inferiores às dos brancos. Mas depois, provavelmente estimulada por uma auto-estima nova que conquistaram, a maioria foi fazer curso de mestrado e doutorado, na mesma proporção que os brancos. Em áreas mais sofisticadas na cultura americana, como Direito e Medicina, os negros chegaram a superar os brancos em proporção nos cursos de mestrado e doutorado. E estas pessoas, na sua quase totalidade, depois foram desempenhar algum trabalho junto à comunidade. São negras e negros que passaram por universidades de ponta, fizeram um ensino de excelência e não ficaram cuidando de suas vidinhas, trabalhando em Wall Street e ganhando seu dinheiro. São pessoas que deram retorno para a comunidade, tornaram-se lideranças importantes. Isso é fantástico. O conceito de inteligência e de produção de conhecimento passa por aí. Não quero formar pessoas com mérito estrita e rigorosamente egoístas, para construir essa sociedade que nós temos no mundo. Peço que a sociedade brasileira entenda que estas políticas não beneficiam os negros, essas políticas beneficiam ao país.

12 março 2010

AÇÃO AFIRMATIVA, IGUALDADE E DIGNIDADE


“Quem tem bisavô negro acumulou perdas que devem ser reparadas”. (Hélio Santos)

AÇÃO AFIRMATIVA (1)


Nesta entrevista exclusiva à Agência Carta Maior o professor Hélio Santos, doutor em Administração e mestre em Finanças pela Universidade de São Paulo (USP), professor da Universidade São Marcos (São Paulo) e da Fundação Visconde de Cairú (Bahia) e fundador e presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo (1984), mostra que Políticas de Ação Afirmativa, como o sistema de cotas, não beneficiam os negros, mas, sim, o país, pois possibilitam a inclusão dos excluídos. Santos faz um mergulho na história do Brasil, lembra que imigrantes italianos e alemães também já foram alvo de políticas especiais em outras épocas e proclama: “não há política universalista que dê conta de ajustar o Brasil”. 
                      O que são políticas de ação afirmativa?
                     São políticas, públicas ou não, voltadas para populações que, em razão de motivos históricos, acumularam perdas. Essas políticas buscam reparar essas perdas. E uma coisa é certa: quem teve um bisavô negro acumulou perdas. Essas pessoas têm um crédito. O carma brasileiro da exclusão do negro deve acabar. A sociedade brasileira exclui com muita competência. Houve um zelo ibérico para excluir e um esforço parecido deve ser feito para incluir, sempre lembrando que as políticas de ação afirmativa não são para todo o sempre. Se forem bem aplicadas, podem deixar de existir em 30 anos. A sociedade terá alcançado um nível de homogeneidade que fará com que essas políticas sejam desnecessárias.

                   As políticas públicas universalistas ou generalistas, voltadas para toda a população, dão conta de propiciar um desenvolvimento social adequado e harmonioso?
Para responder a essa pergunta é preciso fazer uma síntese histórica. A escravidão durou 350 anos, a maior parte da história do Brasil, e a abolição, da forma como se deu, não propiciou uma igualdade efetiva. Entendeu-se, a partir de 14 de maio de 1888, que aqueles que tinham sido escravos por 350 anos eram precisamente iguais àqueles outros que nunca haviam sido escravizados. A partir daí, sem nenhuma ação especial, imaginou-se que a cidadania era de todos. Joaquim Nabuco dizia que terminar com a escravidão não era importante. O importante era terminar com os efeitos da escravidão. Nós internalizamos componentes subjetivos que estão ainda hoje colados à nossa alma. Não há política universalista que dê conta de ajustar o Brasil. Para todos nós, as políticas universalistas representam o que há de mais avançado, e quando se pede políticas específicas para os negros de certa forma colidimos com este ideal. Mas a dívida histórica do Brasil para com a população negra pode ser paga desta forma. Estas políticas apenas aparentemente beneficiam a população negra. Elas estão focadas nos negros, mas o benefício é coletivo. Pois o país adquire um componente de cidadania, deixa de ser historicamente inconcluso.  
Qual deve ser a abrangência destas políticas de ação afirmativa?
As políticas específicas estão no campo da educação, no mercado de trabalho, nos concursos, nas licitações. Na área da educação, a universidade é importante, mas não é onde está a maior parte de nossos problemas. Há uma população negra, especialmente masculina, que é formada basicamente por analfabetos funcionais, pessoas que foram até a 5ª, 6ª série no máximo, nunca se aproximaram de um computador, nunca leram um livro, poucos já foram ao cinema. São brasileiros ausentes, que estão incapacitados para exercer as funções mais modestas. Há que se ter políticas de capacitação dessa população não só para negros, claro – nesse caso, são políticas que eu classifico como PMI – políticas massivas de inclusão. Mas há outras que devem ser focalizados. Em todas as instâncias do Estado, do Itamaraty às Forças Armadas, há que se fazer um esforço para se colocar o negro. O Brasil, que tem 45% da população negra, tem que “tintar” os vários escalões. Mais uma vez faço um retrocesso histórico. Com o advento das ferrovias, em SP, se necessitava de trabalhadores fixos para fazer trabalho pesado, e o negro estava apto porque há um cacoete de que trabalhos que requerem força física são para negros. Pois estes negros se estabeleceram no interior, com emprego fixo, casaram, constituíram família, adquiriram casa própria. Nenhum deles virou milionário, mas as famílias se estruturaram e os filhos estão noutro patamar - a filha virou professora, o filho foi ser sargento do Exército, bancário. O que você vê hoje nas famílias negras nas cidades? São famílias desestruturadas, onde há sempre uma mulher liderando, muitas vezes com filhos de pais diferentes, uma auto-estima rebaixada, uma casa muito pequena, violência...Todo o terreno que conhecemos para esta tragédia urbana que é o Brasil.
Com tudo isso, quero dizer, que ao negro basta pouco: o emprego fixo já é suficiente para que ele demonstre essa capacidade de mobilidade social. Hoje o negro é discriminado mesmo no emprego modesto. Assim, os movimentos negros reivindicam, além de cotas em concursos públicos, que a presença de funcionários negros seja um quesito para participar de concorrências públicas. Nos EUA é assim: o Estado não tem como admitir tanta gente nem obrigar as empresas a contratar negros, mas a empresa que quiser vender para o Estado terá que admiti-los. As políticas públicas devem também trabalhar com a construção de uma estética, de uma identidade nacional. Você tem todo um país de mestiços focado num ideal estético que é escandinavo. Nossa identidade é um mosaico, é múltipla, rica, mas sonhamos com o linear. Temos um pomar com todas as possibilidades de frutas, mas insistimos em servir sempre uva Itália. Há que se fazer um esforço de políticas públicas nos meios de comunicação, refletindo nossa identidade – os adolescentes negros precisam se ver na mídia. Enfim, as políticas de ação afirmativa, que são as políticas específicas, são sofisticadas e não se restringem, como vem se colocando, à universidade.

Fonte: Agência Carta Maior - abril/2003

07 março 2010

CRÍTICA AO LIVRO: "A ÁFRICA ESTÁ ENTRE NÓS"

Crítica ao livro:
"A África Está em Nós"
História e Cultura Afro-Brasileira
Primeiro Volume
Autor: Roberto Benjamim
(Roberto Emerson Câmara Benjamim)
Editora Grafset Ltda.

Infelizmente acabei de ler agora no mês de agosto/2006 o livro "A África Está em Nós" de Roberto Benjamim, publicado pela editora Grafset em 2004. Digo infelizmente porque gostaria de ter lido muito antes e é uma pena que somente agora chegou as minhas mãos. Esse livro até onde tenho conhecimento, por falta de outro, e não sei se o Ministério da Educação através de seus departamentos já adotou algum livro didático que sirva de baliza para execução na prática as determinações da Lei Federal, está sendo "adotado" por alguns professores, principalmente de História, cheios de boas intenções, para "orientar" os seus alunos com relação a História da África.

Achei oportuno o lançamento do livro. Acredito ter sido um dos primeiros livros, se não o primeiro de que tomo conhecimento de abordar o assunto com essa diversidade, logo após a publicação da Lei Federal 10.639/03. Fico surpreso com a bibliografia utilizada mas desagrada-me o resultado. Observo que a linguagem do professor Benjamim é eivada de preconceitos. Como militante do Movimento Negro e dos Direitos Humanos estamos acostumados; não estou querendo justificar que é algo bom e que tranqüilamente faz parte do nosso dia-à-dia já que com certeza também nos acostumamos a nos reservarmos e preservarmos dos acontecimentos que têm o intuito de nos maltratar. Isso que escrevo como costume poderia ser colocado como uma espécie de exército de reserva a semelhança de nossa defesa interna através dos anticorpos ou/e até a nossa defesa externa dos animais peçonhentos.

Já na página 20 do referido livro o autor, no "ponto 1.3 - Denominações afro-brasileiras", no item quarto, pela ordem, denominado EWE, decorre o texto escrevendo: EWE - 1. Povo da África Ocidental (que hoje habita o Benin, o Togo e Gana), de onde procederam escravos para o Brasil...". Parece-me que o autor, que também é advogado, com a sua linguagem "coloquial" de escritor, branco, conservador, racista e sem nenhum compromisso com a mudança; indigno de ser considerado parceiro já que temos inúmeros intelectuais brancos e de outras etnias que são verdadeiramente parceiros, não busca novos horizontes no universo da educação brasileira pregado pela "regulamentação da Lei Federal 10.639 de 09 de janeiro de 2003", através das "Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana" aprovado pelo Conselho Nacional de Educação em 10 de Março de 2004.

Na sua linguagem racista, preconceituosa e discriminatória, o autor usa a palavra escravo como adjetivo pátrio fazendo-se presumir que exista um país denominado "escravolândia" ou algo parecido. Benjamim segue a linguagem da maioria da imprensa e/ou de educadores diretos e indiretos liderada pelo Sistema Globo de Comunicação (vide discussão em torno de outro livro, o Não Somos Racistas de Ali Kamel, diretor executivo da Rede Globo), que planeja e põe no ar no seu jornal de maior audiência manchete como a que ouvimos a poucos dias passados: "Dia de festa para descendentes de escravos".

No livro inteiro o Senhor Benjamim nada faz para mudar essa linguagem racista, discriminatória e preconceituosa criada, difundida e conservada pelos seus antepassados, citando várias vezes que determinados países ou regiões da África era de onde vinham os "escravos". Linguagem essa que cada vez mais ajudam a perpetuar a imagem do negro subserviente e fraco e que pelo seu passado de descendente de "escravos" obviamente jamais poderá galgar altos postos neste país.

É necessário deixar nítido para o Sr. Benjamim e outros racistas de plantão que, se existe um povo descendente de "escravos!" existe também um povo descendente de escravisadores. Um povo que tratava outro povo como coisa, animal; que assassinava ao "bel prazer" aqueles seres que não correspondiam as suas (deles) expectativas; que estupravam as negras para encobrir fracassos sexuais de seus casamentos forjados assim como as doenças e/ou a frigidez de suas esposas. Este senhor acha que é isso que a escola brasileira deve continuar ensinando? É com base nessa educação, eurocêntrica, discriminatória, preconceituosa e racista que devemos abordar a história de nossos antepassados? Senhor Benjamim e demais seguidores, nós negros e negras não somos descendentes de escravos! Somos descendentes de africanos que por um determinado período fomos escravizados. A escravidão não nasceu com os negros e negras africanos (as) como o senhor com certeza é sabedor já que tem muito mais informações do que eu. Uma pessoa do quilate desse senhor quando intencionalmente escreve desta forma em um livro que se pretendia didático tem o objetivo claro (como os senhores adoram falar), de manter cada vez mais os negros e negras distantes de uma auto estima impedindo-os de uma libertação da consciência desse povo.

Nesse livro, ainda com relação a religiosidade do povo afro-brasileiro o autor não age como um cientista mas sim como uma pessoa mais uma vez preconceituosa e a serviço da igreja católica, como nos tempos da inquisição maldita. Distorce informações sobre as religiões de matriz africana, desinforma e colabora com o atraso para que os dados verídicos sobre as religiões trazidas de além mar não sejam difundidos de uma forma mais ampla.Na abordagem internacional o autor perdeu a oportunidade de informar aos leitores/alunos do seu livro como se deu a divisão do continente africano. Há na página 91 do supra citado um pequeno gráfico que "orienta" aos alunos/leitores e como bom descendente de colonizadores o autor foge dos fatos sem deixar nítidas as condições políticas e históricas em que e como que aconteceu a invasão do "continente negro".

Não é por falta de informações pois na relação bibliográfica colocada no final do livro, que presumo que o autor tenha lido, há inúmeros livros verdadeiramente documentais que colaboram para que se tenha uma gama de informações capazes de reforçar um relato científico de como aconteceu. Na abordagem nacional há desprezo da parte do autor por todas as batalhas de transformações e mudanças neste país onde negros e negras estiveram presentes junto com todas as etnias e em grande quantidade. Só para ilustrar esta afirmativa, neste livro não há nenhuma informação a respeito da participação nas luta do povo negro do sul do país nas revoluções e guerras acontecidas principalmente nos pampas gaúchos, a partir do Rio Grande do Sul, estados e países vizinhos com vastos relatos em livros e documentos publicados/divulgados no Brasil e fora dele.

O autor, Roberto Emerson Câmara Benjamim apesar de ter perdido a grande oportunidade de se passar como um parceiros nas lutas pela emancipação (de fato) do povo negro e seus descendentes, age como proxeneta da cultura negra por alguns caraminguás pois tenta a todo custo preservar as "conquistas" de seu povo que este sim, levam e levarão sempre a pecha de terem escravizado um povo que como está escrito também em seu livro (não foi possível nesse ponto mascarar a verdade), muitos deles, reis e rainhas; príncipes e princesas. Se nós somos descendentes de "escravos" como afirmam este senhor e os meios de comunicação do nosso país, os senhores são descendentes dos escravisadores, estupradores de negros e negras oriundas da África. Exterminadores de um povo. Provocadores do genocídio do povo negro.

Os negros e negras nunca concordaram com a sua condição de escravos e hoje nós os afro-brasileiros não concordamos de maneira nenhuma com a escravização de consciências impostas por pessoas que, paradas no tempo, acreditam ainda serem os nossos tutores dominando a mídia e os organismos de educação formal e/ou informal impondo seus ditames de forma "moderna" e oportunista através do compadrio, contubérnio, insensamento daqueles que ocupam o poder. Estamos e vamos continuar atentos.

GERALDO POTIGUAR DO NASCIMENTO
 

ARTE AFROBRASILEIRA

ÁFRICA, por Cristiane Campos

03 março 2010

A ÁFRICA SOMOS NÓS! CONTRA O RACISMO...


- Escuta aqui, ó criolo...
- O que foi?
- Você andou dizendo por aí que no Brasil existe racismo.
- E não existe?
- Isso é negrice sua. E eu que sempre te considerei um negro de alma branca... É, não adianta. Negro quando não faz na entrada...
- Mas aqui existe racismo.
- Existe nada. Vocês têm toda a liberdade, têm tudo o que gostam. Têm carnaval, têm futebol, têm melancia... E emprego é o que não falta. Lá em casa, por exemplo, estão precisando de empregada. Pra ser lixeiro, pra abrir buraco, ninguém se habilita.
Agora, pra uma cachacinha e um baile estão sempre prontos. Raça de safados! E ainda se queixam!
- Eu insisto, aqui tem racismo.
- Então prova, Beiçola. Prova. Eu alguma vez te virei a cara? Naquela vez que te encontrei conversando com a minha irmã, não te pedi com toda a educação que não aparecesse mais na nossa rua? Hein, tição? Quem apanhou de toda a família foi a minha irmã. Vais dizer que nós temos preconceito contra branco?
- Não, mas...
- Eu expliquei lá em casa que você não fez por mal, que não tinha confundido a menina com alguma empregadoza de cabelo ruim, não, que foi só um engano porque negro é burro mesmo. Fui teu amigão. Isso é racismo?
- Eu sei, mas...
- Onde é que está o racismo, então? Fala, Macaco.
- É que outro dia eu quis entrar de sócio num clube e não me deixaram.
- Bom, mas pera um pouquinho. Aí também já é demais. Vocês não têm clubes de vocês? Vão querer entrar nos nossos também? Pera um pouquinho.
- Mas isso é racismo.
- Racismo coisa nenhuma! Racismo é quando a gente faz diferença entre as pessoas por causa da cor da pele, como nos Estados Unidos. É uma coisa completamente diferente. Nós estamos falando do crioléu começar a freqüentar clube de branco, assim sem mais nem menos. Nadar na mesma piscina e tudo.
- Sim, mas...
- Não senhor. Eu, por acaso, quero entrar nos clubes de vocês? Deus me livre.
- Pois é, mas...
- Não, tem paciência. Eu não faço diferença entre negro e branco, pra mim é tudo igual. Agora, eles lá e eu aqui. Quer dizer, há um limite.

- Pois então. O ...
- Você precisa aprender qual é o seu lugar, só isso.
- Mas...
- E digo mais. É por isso que não existe racismo no Brasil. Porque aqui o negro conhece o lugar dele.
- É, mas...
- E enquanto o negro conhecer o lugar dele, nunca vai haver racismo no Brasil. Está entendendo? Nunca. Aqui existe o diálogo.
- Sim, mas...
- E agora chega, você está ficando impertinente. Bate um samba aí que é isso que tu faz bem.

(Luis Fernando Veríssimo)

01 março 2010

IDENTIDADE


Eu gosto desta música, não porque o autor se chama Jorge, mas sim porque ela retrata uma realidade que poucos se dão conta, podem falar o que quiserem, mas esta é a resultante nefasta do Mito da Democracia Racial. A África somos nós! Forte abraço...
Elevador é quase um templo
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai...

Quem cede a vez não quer vitória
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história

Se o preto de alma branca pra você
É o exemplo da dignidade
Não nos ajuda, só nos faz sofrer
Nem resgata nossa identidade

Elevador é quase um templo
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai...

Quem cede a vez não quer vitória
Somos herança da memória
Temos a cor da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história

Se o preto de alma branca pra você
É o exemplo da dignidade
Não nos ajuda, só nos faz sofrer
Nem resgata nossa identidade

Elevador é quase um templo
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai...

Quem cede a vez não quer vitória
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história 
(Jorge Aragão)

24 fevereiro 2010

UMA DAS CAUSAS DA POBREZA DA ÁFRICA: O NEOCOLONIALISMO

Muitos problemas atuais da África estão relacionados com o colonialismo. No século XIX, as nações européias como Inglaterra, Bélgica, Alemanha, França, Itália, entre outras, se reuniram em 1885, na Conferência de Berlim e dividiram o continente africano entre si, criando colônias no território.
A presença dos europeus acirrou diferenças que já existiam entre os diversos povos que habitavam o continente na época. Privilégios dados a uns povos e não a outros, por exemplo, deixaram as relações a ponto de guerra entre eles. Além disso, os europeus estabeleceram as fronteiras entre as diferentes colônias sem respeitar as divisões culturais ou religiosas dos povos de cada região.
Quando essas colônias se tornaram independentes entre 1950 e 1980, as fronteiras foram mantidas. Conflitos entre grupos de culturas ou religiões diferentes, que já existiam no período colonial, e que muitas vezes eram reprimidos à força pelos colonizadores, tornaram-se, então, uma luta interna pelo poder. Como resultado, o continente africano já enfrentou e, infelizmente, continua enfrentando muitas guerras civis, como por exemplo, a de Angola (que durou de 1975 a 2002) e a de Ruanda (que ocorreu de 1990 a 1994).

Fonte: Bem-Vindo à África, 2003.

UMA DAS CAUSAS DA POBREZA DA ÁFRICA: O ESCRAVISMO


Durante três séculos e meio, pessoas foram levadas da África para trabalharem como escravas em diferentes lugares do mundo, como o Brasil. Esse comércio teve a colaboração de alguns grupos do próprio continente, entre eles, comerciantes de escravos e governantes, por exemplo, que escravizavam e os vendiam aos europeus em troca de alguns produtos, como tabaco e cachaça.
Essa migração forçada deixou marcas profundas no continente e explicam, em parte a situação de pobreza que hoje ele enfrenta.
A escravidão despovoou em grande medida a África. Para se ter uma idéia, somente na América chegaram cerca de 11 milhões de africanos, sem contar os que morreram durante a viagem, cerca de 2/3. Imagine o que isso significou. Durante anos e anos, a África perdeu grande parte da sua população, sobretudo pessoas jovens, que tinham muito a contribuir, fosse com sua força de trabalho, como se reproduzindo. Afinal, o perfil da maioria dos escravizados era de homens com idade entre os 15 e 25 anos.

Fonte: Bem-Vindo à África, 2003

A ÁFRICA SOMOS NÓS! (LINHA DO TEMPO DO BERÇO DO CONHECIMENTO)

Cerca de 20000 a.C.
O objeto matemático mais antigo é o bastão de Ishango, osso com registros de dois sistemas de numeração. Ele foi encontrado no Congo em 1950 e é 18 mil anos mais antigo do que a matemática grega

3000 a.C.
O médico negro Imhotep é o verdadeiro pai da medicina: ele viveu 25 séculos antes de Hipócrates e já aplicava no Egito conhecimentos de fisiologia, anatomia e drogas curativas em seus pacientes

2000 a.C.
O povo haya (da região da atual Tanzânia) produzia aço a 400 graus Celsius — temperatura superior a dos fornos europeus do século 19. Uma faca datada de 900 a.C., feita no Egito, é o objeto de ferro mais antigo

1650 a.C.
O papiro de Rhind indica que os egípcios sabiam o valor da constante geométrica pi muito antes de Arquimedes (250 a.C.) e as propriedades do triângulo retângulo antes de Pitágoras (séc. 6 a.C.)

Século XII d.C.
Muros de pedra de 10 metros de altura foram erguidos na região do Zimbábue. As ruínas revelam saberes avançados também dos povos subsaarianos em construção civil

1879
O médico inglês R. W. Felkin aprendeu com os banyoro técnicas da cesariana. O procedimento já envolvia assepsia, anestesia e cauterizaçãodo corte, que era vertical

Sítio Portal Orixás <http://www.orixas.ifatola.com/index.php?option=com_content&view=article&id=16&Itemid=58Disponível em: 23 fev 2010, às 23:52.

21 fevereiro 2010

ÁFRICA DE TODOS NÓS

Os diversos povos que habitavam o continente africano, muito antes da colonização feita pelos europeus, eram bambambãs em várias áreas: eles dominavam técnicas de agricultura, mineração, ourivesaria e metalurgia; usavam sistemas matemáticos elaboradíssimos para não bagunçar a contabilidade do comércio de mercadorias; e tinham conhecimentos de astronomia e de medicina que serviram de base para a ciência moderna. A biblioteca de Tumbuctu, em Mali, reunia mais de 20 mil livros, que ainda hoje deixariam encabulados muitos pesquisadores de beca que se dedicam aos estudos da cultura negra.
Infelizmente, a imagem que se tem da África e de seus descendentes não é relacionada com produção intelectual nem com tecnologia. Ela descamba para moleques famintos e famílias miseráveis, povos doentes e em guerra ou paisagens de safáris e mulheres de cangas coloridas. "Essas idéias distorcidas desqualificam a cultura negra e acentuam o preconceito, do qual 45% de nossa população é vítima", afirma Glória Moura, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB). 

Fonte: Sítio Portal Orixás <http://www.orixas.ifatola.com/index.php?option=com_content&view=article&id=16&Itemid=58Disponível em: 19 fev 2010, às 16:02.

20 fevereiro 2010

ÁFRICA: BERÇO DA HUMANIDADE E DO CONHECIMENTO


Foi na África, há milhões de anos, que apareceram nossos ancestrais e dali partiram para povoar a Europa e a Ásia. Lá também foram encontrados os primeiros centros universitários e culturais de que se tem registro (Tumbuctu, Gao e Djene). Saiba mais sobre eles nos textos abaixo e conheça os principais impérios, reinos e estados de onde vieram os negros que foram escravizados no Brasil e as tecnologias que trouxeram. Na linha do tempo, ao lado, alguns dos legados dos povos africanos para a humanidade.

Império de Gana
Entre os séculos 4 e11, era conhecido como o Império do Ouro. Seu povo dominava técnicas de mineração e usava instrumentos como a bateia, importante para o avanço do ciclo do ouro no Brasil. O clima úmido da região favorecia o desenvolvimento da agricultura e da pecuária

Império de Mali
Expandiu-se por volta do século 12. As cidades de Tumbuctu, Gao e Djene eram importantes centros universitários e culturais. O povo Dogon, que habitava a região, registrou em monumentos as luas de Júpiter, os anéis de Saturno e a estrutura espiral da Via-Láctea, observações feitas a partir do século 17, na Europa

Império de Songai
Nos séculos 14 e 15, se sobrepôs ao Império de Mali. Técnicas de plantio e de irrigação por canais foram aperfeiçoadas e vieram para o Brasil juntamente com os negros escravizados. Esses saberes favoreceram a expansão da agricultura, principalmente durante os ciclos da cultura de cana-de-açúcar e do café

Civilização Yorubá
Desenvolveu-se a partir do século 11. Os povos dominavam técnicas de olaria, tecelagem, serralheria e metalurgia do bronze, utilizando a técnica da cera perdida (molde de argila que serve de receptáculo para o metal incandescente). A capital, Oyo Benin, era dividida em quarteirões especializados (curtume, fundição etc.)

Reino do Congo
Já no final do século 16, os habitantes dessa região eram especialistas em forjar ferro e cobre para produção de ferramentas. Introduziram na nossa lavoura a enxada, uma espécie de arado e diversos tipos de machados, que serviam tanto para cortar madeira como para uso em guerras

Vale da Grande Fenda
Foi aqui que as linhagens do macaco e do homem se separaram. Há 2 milhões de anos, essa era a única área habitada por nossos ancestrais. O Homo erectus partiu para a Europa e a Ásia, mas os que continuaram nessa região se transforamaram em sapiens, que posteriormente povoaram o mundo.

Douglas Verrangia, Jorge Euzébio Assumpção, Scientific American, edição especial no11 Etnomatemática, site Mathematicians of the African Diaspora (
www.math.buffalo.edu/mad/index.html ) e Para Entender o Negro no Brasil de Hoje, Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes, Ed. Global

Fonte: Sítio Portal Orixás <http://www.orixas.ifatola.com/index.php?option=com_content&view=article&id=16&Itemid=58Disponível em: 17 fev 2010, às 11:54.

18 fevereiro 2010

A ÁFRICA SOMOS NÓS



Este é um ano pra pensarmos na África. A África que somos, a que idealizamos, a que realmente existe, as Áfricas que estão além da nossa cultura, aquém da nossa compreensão. O continente africano é uma ideal geopolítico.
Os países africanos são a realidade num mosaico de onde surgimos e para o qual teremos que voltar as nossas atenções.
Precisamos. Sim, precisamos da África pra resgatar pedaços da nossa identidade. Precisamos da África para rejeitar pedaços da nossa identidade.
O que queremos nesses momento da história em que a África forçosamente estará no noticiário mundial por conta da copa do mundo?
Acredito que queremos, sempre, justiça. Justiça para a África ideal, paras as Áfricas políticas, para todos os países que navegam neste mar de carências e também de abundância para uma elite. A elite de sempre, daqui e de lá.
África. Nosso coração desnudado. (Walter Galvão)

Fonte: Sítio Satélite FM <http://satelitefm.paros.uni5.net/post/2010/01/A-AFRICA-SOMOS-NOS.aspx#comment> Disponível em: 18 Fev 2010, às 18:58.
iDcionário Aulete

A principal função da educação é seu caráter libertador.

Educar não é repassar informações, mas criar um patrimônio pessoal.