Este blog está relacionado aos diversos projetos centrados na diversidade e pluralidade étnico-racial que desenvolvemos, sempre de forma coletiva e colaborativa, nas instituições educacionais e educativas onde atuamos como EDUCADOR, seja como professor, coordenador de núcleo educacional, assistente de diretor de escola ou diretor de escola.

Pois, consideramos de extrema importância, desde o início e durante todo o processo educacional, a proposição acerca da questão da IDENTIDADE, pois penso que o país e a sociedade, como um todo, só tem a ganhar com pessoas conscientes e bem resolvidas nesse contexto.

Acredito que esta FERRAMENTA, com os seus conteúdos e informações (textos, imagens, atividades entre outros), nos possibilitará acessar informações relativas ao que há de africano no Brasil, assim como referente ao continente africano, tão vasto e múltiplo, que pouco conhecemos aqui no Brasil.

Nos possibilitará também, valorizarmos a diversidade étnico-cultural, étnico-racial, a partir do debate, reflexão e estímulo a valores e comportamentos éticos como o amor, a amizade, o respeito, a solidariedade e a justiça, de forma que a todo o momento possamos nos posicionar contra qualquer forma de intolerância, e especificamente nos colocando contra todo o tipo de discriminação racial e a favor de práticas antirracistas.

02 setembro 2013

NOVA ONDA "IMIGRATIVA”

Na semana de 05 a 09 de março de 2012, a rádio Estadão ESPN veiculou uma série de reportagens que falava a respeito da imigração de um grande número de europeus, principalmente de Portugal e Espanha, para ocupar postos de trabalho no Brasil, que segundo essas pessoas e o referido veículo de imprensa chamaram de “terra das oportunidades”. Não pude deixar de fazer uma reflexão a respeito da reportagem e ligar o tema a uma outra “onda imigrativa” (me dando a liberdade desse neologismo) ocorrida no Brasil no final do século XIX, em nosso país.
Contextualizando um pouco... A partir de 1870 começou a haver uma mudança nas ações econômicas desenvolvidas pelas elites até então, acompanhando as tendências do capitalismo moderno, na crítica ao regime escravocrata. Na prática, o alto custo do trabalhador escravizado, é que levava a esta postura, pois após o fim do Tráfico Negreiro e o encarecimento do valor da manutenção do negro escravizado, os cafeicultores do Oeste Paulista passaram a patrocinar a vinda de imigrantes europeus para trabalharem nas lavouras.
Foi essa “onda imigrativa” associada à resistência negra e ao movimento intelectual-abolicionista, que acelerou o fim do escravismo no Brasil. Porém, nesta época, essa conjuntura animou ainda mais o processo de imigração de trabalhadores principalmente europeus, e em sua maioria camponeses, que vislumbravam no Brasil a “terra das oportunidades”, onde teriam a chance de crescer e se desenvolver economicamente, o que não teriam na Europa, graças à pauperização das classes trabalhadoras e das ebulições sociais e políticas pela qual o continente passava.
De encontro a isso, as nossas elites viam com muito bons olhos a chance de usar esses imigrantes para “branquear” a nossa população, à luz das teorias racialistas, em voga no final do século XIX na Europa, que defendiam não apenas a divisão da população mundial em raças, como também idealizava a raça branca como a mais civilizada. Branquear sim, pois no Brasil existia muitos negros e mestiços em meio a população branca o que tornava o país um antro de degenerados, assim, era urgente a chegada dos imigrantes europeus, ainda que pobres, o que era melhor, pois poderiam ser explorados nos moldes da “nova ótica capitalista”.
Deste modo, o negro perdeu não só o seu trabalho, como também a sua visibilidade, e a partir daí, o sonho da igualdade, principalmente após a Lei Áurea, que aboliu o trabalho escravo, mas não inseriu o negro na sociedade brasileira. O negro foi excluído de tudo, da terra, da educação, do mundo do trabalho, da formação profissional... Foram poucos que conseguiram alguma visibilidade, mas mesmo assim, longe do mundo da intelectualidade, do mundo da Academia.
Hoje... Passados mais de 120 anos daquela abolição da escravatura, e considerando que as políticas públicas, em nosso país, nada ou quase nada fizeram para os descendentes de Palmares – que não apenas abrigava negros, como também mestiços (dos diversos matizes), caboclos, índios e até brancos pobres – principalmente em termos educacionais, de formação profissional.
Por isso, vejo com muita preocupação essa “nova imigração” de trabalhadores que estão sendo absorvidos em condições privilegiadas (de função e de renda) pelas diversas empresas, nas mais variadas áreas em detrimento dos nossos “palmarinos”, que sem a oportunidade de serem atendidos por um sistema educacional de qualidade ficam relegados ao subemprego, às baixas remunerações e à consequente exclusão social.
Devemos nos perguntar se essa “onda” é positiva para o país e em que quantidade ou se ela não significará de fato um novo processo de branqueamento, guardadas as devidas proporções. O que o governo está fazendo para proteger os nossos trabalhadores, no presente, e o que fará no futuro, para garantir uma efetiva qualificação educacional e profissional para atender a nossa demanda interna.
É urgente que haja um investimento quantitativo e qualitativo em Educação. De resto, por nossa parte, é cobrar uma posição mais firme do Estado e aguardar boas iniciativas para que o Brasil seja de fato a “terra das oportunidades”, principalmente para nós... brasileiros. 

Jorge Felizardo (texto de 13/04/2012)

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